"O Ser cuja realidade transcende o próprio universo permanece ainda incompreendido pela grande maioria de suas criaturas, de seus filhos. O homem já nasce com a intuição de que existe uma força soberana que se irradia em todo o Universo, à qual dá o nome de Deus.
O conhecimento do homem a respeito de seu Criador não foge à regra. Inicialmente, não podendo compreender os atributos de um ente espiritual que detém todo o poder e todas as perfeições num grau absoluto, o homem passou a humanizar Deus, transformando-o segundo os seus conceitos, à sua imagem e à sua própria semelhança. Começa a emprestar ao Criador Supremo suas próprias imperfeições e cria a imagem de um Deus antropomórfico. O homem transforma Deus numa divindade humanizada, que se ira, sente raiva, precisa de sacrifícios para aplacar sua sede de justiça e sangue; enfim, personaliza o Criador, atribuindo-lhe a imagem de um ancião de longas barbas, dominando um paraíso beatífico e pronto para irar-se ao primeiro sinal de rebeldia ou ignorância de suas criaturas, de seus filhos.
A ignorância do homem colocou a divindade tão distante do ser humano que se tornou quase impossível à criatura chegar-se ao Supremo Senhor, o Pai. Segundo a tradição bíblica, o homem passou a desenvolver seu próprio conceito de Deus, indo desde a adoração às forças da Natureza até o estabelecimento de um sistema ritual que incluia sacrifícios, manjares e muito sangue para tentar agradar a divindade. No sistema de culto dos hebreus, Deus era visto como uma divindade que necessitava de sangue e outras demonstrações inferiores para se satisfazer.
Com Jesus, no entanto, caiu o véu que encobria os olhos do homem; Ele trouxe-nos um conceito de Deus mais compatível com a realidade universal. Compreende-se que Deus é Amor, Justiça, Vida, é o Pai de todas as criaturas, o princípio sobre o qual se sustenta a realidade do Universo.
Com a Doutrina Espírita estabeleceu-se o conceito de que Deus é Consciência Cósmica, que a humanidade marcha para uma compreensão cada vez mais ampla da divindade. Os imortais revelam que Deus é a causa causal de todas as coisas, a Consciência Suprema sempre presente em todo o Universo, transcendendo com esse conceito todos os outros até então trazidos para a humanidade. Deus não é mais personificado, é o Espírito do Universo. Deus é a Consciência que estabelece a ordem e a harmonia do Universo. Cada constelação, cada galáxia, planeta, sol, cada erva, cada átomo é eternamente preenchido pela Consciência Divina. Deus é imanente a toda a criação. Mas a criação não é o Criador. Ele é a Consciência que fecunda de vida todo o Universo, que mantém os mundos na amplidão, em sua eterna marcha, suspensos sob a sua atuação, nos espaços infinitos.
O Universo se apresenta como a materialização do pensamento divino. Sua essência incompreendida é sempre presente. O conceito que o Espiritismo mostra a respeito de Deus, prepara-nos para viver na Era Cósmica que se avizinha.
Não podemos comparar a Divindade a uma força ou energia, pois força e energia são perfeitamente explicáveis pelos modelos da nomenclatura científica terrena. O Ser Onisciente é mais ainda do que qualquer conceito o possa definir. A realidade inquestionável é que Deus é Pai, na definição mais clara que Jesus pôde dar à humanidade.
De qualquer ângulo que se observe, seja pela disposição material, física, moral ou religiosa em que todas as coisas possam se manifestar, não há como excluir a idéia de Deus, de uma Consciência Organizadora, idealizadora e diretora de tudo o que existe. Como disse certa vez o filósofo Voltaire: "Caso Deus não existisse, teríamos que inventá-lo, para encontrar a razão de ser de tudo o que existe".
Por trás de tudo, está Deus, nada pode ser concebido fora de Deus. Essa é a realidade primeira e última da criação. Deus está sempre presente na criação, mas não é a própria criação. O Criador não se confunde com a criatura. Deus simplesmente é."
Gestação da Terra (Robson Pinheiro, pelo espírito Alex Zarthú)
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